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Parabéns, brasileiro: você foi sorteado para pagar a festa… e lavar a louça depois

  • Foto do escritor: Ricardo Veras
    Ricardo Veras
  • 15 de jul.
  • 3 min de leitura
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Por Sandro Chagas – Jornalista (DRT/RS 15.843) e Advogado (OAB/RS 105.040)


Seja bem-vindo ao Brasil — o único lugar do planeta onde ser cidadão é praticamente assinar um contrato vitalício com um sócio majoritário que você não escolheu, que não trabalha, mas que leva a maior parte do lucro: o Estado brasileiro.

Em 2024, você teve a sorte — ou o azar — de ser novamente "contemplado" com a honra de trabalhar 147 dias do ano apenas para pagar tributos. É isso mesmo: quase metade do seu ano foi dedicado a manter uma estrutura que lhe devolve o favor em forma de buracos na estrada, filas no hospital e boletos no e-mail.

Mas comemore. Afinal, o nome disso é "cidadania fiscal". E ainda te fazem acreditar que é um privilégio.

O contrato social com letras miúdas (e imposto embutido)

Vivemos sob um pacto social não escrito — ou pior: escrito com letras miúdas e vírgulas mal intencionadas. Assinamos sem ler toda vez que colocamos gasolina, compramos arroz ou pagamos a conta de luz. Pagamos como dinamarqueses. Recebemos como quem mora num país fictício chamado Esperançistão.

E enquanto isso, Brasília finge surpresa quando falta dinheiro — mesmo tendo arrecadado mais de R$ 3 trilhões só em 2023.

A mágica de Brasília: pagar padrão Europa, receber padrão gambiarra

Adoram nos comparar com os países da OCDE. Dizem:

“Ah, mas a França também tem carga tributária alta!”

De fato. A diferença é que na França você recebe saúde, segurança e educação em troca. Aqui, você recebe um "Fique tranquilo, cidadão. Estamos cuidando de você" — enquanto o buraco na rua completa aniversário.

Pagamos ingresso de camarote, mas sentamos no chão da arquibancada. E ainda temos que sorrir para a câmera da Receita.

O gênio do sistema: tirar do feijão para bancar o filé

Nosso sistema tributário é uma obra-prima da perversão institucional. É o Robin Hood: tira do prato do trabalhador para garantir camarão no coquetel do burocrata.

• A energia elétrica que ilumina sua casa? Quase metade é imposto.

• A gasolina que leva seu filho à escola? 44% são tributos.

• O medicamento da sua mãe? 34% vai direto para o caixa do Leviatã estatal.

Enquanto isso, os grandes praticam o esporte nacional mais rentável do país: o planejamento tributário. Um jogo caro, cheio de códigos, acessível só a quem tem CPF de elite e advogado na Suíça.

A nova fantasia: a reforma tributária que salvará a... arrecadação

E quando a panela social ameaça explodir, nos servem a poção mágica da vez: “a Reforma Tributária”. Falando bonito: simplificação, eficiência, modernização.

Na prática: um jeito mais rápido, automatizado e preciso de pegar o seu dinheiro.

Unificam impostos como quem troca a cor da algema: antes era enferrujada, agora é inox. Mais moderna, mas aperta do mesmo jeito. E ainda nos prometem “cashback” — ou seja, um troco de volta como quem dá um pirulito ao cidadão depois de confiscar o salário.

A Serra Gaúcha no moedor de carne fiscal

Aqui na Serra Gaúcha, o espetáculo do absurdo ganha ares de tragédia. O cheiro do vinho de Bento, o couro tratado em Gramado, o aço forjado em Caxias — tudo vira fumaça tributária e evapora em Brasília. O empresário serrano não empreende — ele sobrevive.

Paga para plantar, paga para colher, paga para embalar, paga para vender. E se, por acaso, sobra algum trocado, ainda paga para justificar que não está sonegando.

Enquanto o turista estoura uma garrafa de espumante em Gramado, um tecnocrata em Brasília estoura a receita de ICMS e já planeja qual “emenda parlamentar” financiará com ela — sem nunca ter pisado na Borges de Medeiros.

Conclusão: o dono da bola ainda quer que você pague o churrasco

No fim das contas, o brasileiro é o patrocinador de uma festa que não foi convidado, mas que financia desde a cerveja até o gelo. Usam seu cartão, estouram seu limite, e ainda reclamam que você está “conservador demais” por exigir nota fiscal da bandinha.

A única coisa que o governo entrega de graça — e com absoluta pontualidade — é o boleto do mês seguinte. E ainda espera gratidão, como se fizesse um favor por deixar você continuar pagando.

📌 No Brasil, o cidadão é o sócio oculto de uma máquina faminta. Só que o lucro nunca é repartido — e a conta é sempre certa.

📌 Chamam de contribuinte. Mas na prática, somos o gado premiado do curral fiscal nacional. E nem direito à vaia temos.

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