DAIENE CLIQUET - Professores-artistas: a dupla função transformadora
- Ricardo Veras

- 6 de set.
- 2 min de leitura

Há quem diga que ser artista é viver de inspiração. Outros, que ser professor é repetir conteúdos em sala de aula. Mas e quando as duas funções se encontram em uma mesma pessoa? O que nasce desse cruzamento entre palco e sala de aula, entre ateliê e lousa?
A verdade é que a vida de quem exerce essas duas funções está longe do glamour que muitos imaginam. É luta, persistência e, sobretudo, compromisso. Como lembra Paulo Freire, ensinar não é transferir conhecimento, é criar possibilidades para a sua construção. Essa é a base de uma prática que se torna ainda mais rica quando o professor traz para dentro da escola sua própria vivência artística.
Na arte-educação, referências como Ana Mae Barbosa e Ana Maria Amaral são faróis. Elas nos lembram que o ensino da arte vai muito além da técnica: é espaço de expressão, de liberdade, de inclusão. É nesse espaço que também cabem os alunos com deficiência, não como exceção, mas como protagonistas de seus próprios processos criativos.
A metodologia ativa — em que o aluno cria, experimenta e descobre por si — coloca o professor-arte educador numa posição de orientador. A criança não copia, inventa. Não repete, transforma. Pode ser ao construir um Teatro Lambe Lambe ou simplesmente ao desenhar com lápis e borracha. Em ambos os casos, o que importa é o processo, e não o produto final.
Carrego comigo essa convicção: seja em sala de aula, seja no palco, o artista-professor é sempre desafiado a sair da “caixinha”. É nesse movimento de enfrentar obstáculos e improvisar soluções que crescemos, tanto como profissionais quanto como seres humanos.
No fim, ser professor-artista é aceitar viver na encruzilhada: entre ensinar e aprender, entre conduzir e deixar fluir, entre a disciplina e a liberdade. Uma encruzilhada fértil, que transforma não só quem aprende, mas também quem ensina.

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