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Ordem dos Advogados do Brasil ou Ordem do Silêncio Bem Posicionado?

  • Foto do escritor: Ricardo Veras
    Ricardo Veras
  • 27 de jul.
  • 2 min de leitura
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Por Sandro Chagas – Jornalista (DRT/RS 15.843) e Advogado (OAB/RS 105.040)


A OAB resolveu vestir sua melhor toga de veludo para defender a soberania nacional. Em nota repleta de termos solenes e vírgulas patrióticas, criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. Evocaram a "independência institucional" como quem recita latim em missa de sétimo dia da Constituição.


Como advogado e jornalista, não posso deixar de aplaudir — de pé, com ironia e lenço na mão — esse espetáculo de coerência performática. A entidade que finge dormir diante de censuras e abusos internos, acorda com fúria quando o puxão de orelha vem de fora. É a clássica valentia de auditório: indignação sob medida, com delivery internacional.


A hipocrisia parece ter aberto escritório na sede da Ordem. A mesma OAB que silenciou quando jornalistas foram silenciados, quando medidas cautelares viraram instrumentos de intimidação, agora enche o peito para gritar contra os gringos. Defender soberania virou cosplay de bravura: bate-se na Águia careca, mas abaixa-se para a Toga vaidosa.


Cadê essa pujança quando o cidadão comum tem seu sigilo devassado sem trânsito em julgado? Quando um advogado vê o celular do cliente virar prova em tempo real? Quando a liberdade de expressão é considerada infração administrativa? Nessa hora, a OAB vira monge tibetano em retiro: só medita.


A Ordem que deveria ser guardiã da Constituição virou colunista de nota oficial. Faz poses para parecer combativa e publica indignações gourmetizadas para alimentar o noticiário. Está mais preocupada com a própria imagem do que com o estado de direito. Brava com o Tio Sam, domesticada com o Tio Supremo.


Se querem mesmo defender o Brasil, recomendo um espelho. Porque a soberania que importa começa dentro das fronteiras do silêncio — aquele que a OAB tanto ajuda a manter. A verdadeira defesa da democracia exige algo que virou relíquia: coragem.


Coragem para dizer o óbvio quando o óbvio virou tabu. Coragem para peitar o poder, mesmo quando ele usa toga. Coragem para ser Ordem — e não assessoria de reputação institucional.


E mais do que isso: responsabilidade. Porque ser advogado no Brasil é, antes de tudo, ser guardião da Constituição. E se a Ordem nos representa, então ela deve falar por nós — com altivez, sim, mas também com compromisso real com as liberdades civis. Não é opção. É dever. Constitucional, ético e histórico.

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