ELVIO GIANNI - O Endividamento da População Brasileira: Uma Conta que Não Fecha
- Ricardo Veras

- há 1 hora
- 2 min de leitura

O endividamento da população brasileira tem sido motivo de crescente preocupação não apenas pelos números, mas pelos impactos profundos na vida das pessoas, das famílias e da própria economia. O crédito, que deveria ser ferramenta de apoio e desenvolvimento, tem se transformado em armadilha para milhões de brasileiros.
Um dos exemplos mais alarmantes é o empréstimo consignado do INSS. Hoje, já são mais de 44 milhões de contratos, em um universo de aproximadamente 41 milhões de aposentados e pensionistas. Na prática, isso significa que muitos beneficiários possuem mais de um empréstimo, comprometendo grande parte da renda mensal antes mesmo de o dinheiro chegar às mãos.
Outro ponto de atenção é o empréstimo consignado CLT. Em abril de 2025, esse modelo já representava cerca de 2,3 milhões de contratos. O que preocupa e muito os setores de Recursos Humanos das empresas é o desconto direto em folha. O trabalhador recebe menos, perde capacidade de planejamento e, quando há demissão, a dívida permanece, com juros correndo, tornando-se difícil de ser quitada.
Paralelamente, as BETs têm contribuído de forma alarmante para o endividamento. Publicidade massiva, acesso fácil, a ilusão de ganhos rápidos e a lógica do vício transformam o entretenimento em dependência financeira. O resultado é devastador para o orçamento familiar e para a saúde mental.
Os dados reforçam esse cenário preocupante. Um estudo do Serasa aponta que 86% dos brasileiros possuem dívidas e 64% estão negativados. Esse endividamento já impacta diretamente o consumo básico, especialmente a alimentação. O consumo tem diminuído significativamente, a ponto de supermercados passarem a parcelar compras de comida no cartão de crédito. É um sinal claro de alerta.
O problema é que essa solução aparente apenas agrava a situação. Com juros do cartão de crédito que podem chegar a 15% ao mês, muitas pessoas entram em um ciclo quase impossível de sair. A dívida cresce mais rápido do que a renda.
É importante reconhecer: a sociedade brasileira sempre cresceu apoiada no crédito e no financiamento e eles são, sim, necessários. O que estamos vivenciando hoje, porém, é uma população despreparada para lidar com o dinheiro. A ausência de educação financeira desde a base escolar cobra seu preço na vida adulta.
O reflexo é claro: população endividada, famílias desestruturadas, estresse, ansiedade e um dado simbólico as farmácias crescendo a cada dia. Não por acaso.
Educação financeira não é luxo. É necessidade básica. Enquanto não tratarmos esse tema com a seriedade que merece nas escolas, nas políticas públicas e dentro de casa continuaremos pagando uma conta que só aumenta.
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Élvio Gianni
Empresário, Agente de Inovação, Mentor e Consultor
Instagram: @elviogianni
LinkedIn: Élvio Luís Gianni

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